quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Um Poema de Vinicíus...


Olá!!
Hoje não postarei um poema da minha autoria, e sim, um poema feito
pelo eterno Vinícius de Moraes, ele se chama:  "A Vida Vivida". Quem quiser comentar, 
fique à vontade...
Beijos.

A Vida Vivida

Quem sou eu senão um grande sonho obscuro em face do Sonho
Senão uma grande angústia obscura em face da Angústia?
Quem sou eu senão a imponderável árvore dentro da noite imóvel
E cujas presas remontam ao mais trsite fundo da terra?

De que venho senão da eterna caminhada de uma sombra
Que se destrói à presença das fortes claridades
Mas em cujo rastro indelével repousa a face do mistério
E cuja forma é a prodigiosa treva informe?

Que Destino é o meu senão o de assistir ao meu Destino
Rio que sou busca do mar que me apavora
Alma que sou clamando o desfalecimento
Carne que sou no âmago inútil da prece?

O que é a mulher em mim senão o Túmilo
O branco marco da minha tora peregrina
Aquela em cujos braços vou caminhando prar a morte
mas em cujos braços somente tenho vida?

O que é o meu Amor, ai de mim! senão a luz impassível 
Senão a estrela parada num oceano de melancolia
O que me diz ele senão que é vã a palavra
Que não repousa no seio do abismo?

O que é o meu Amor? senão o meu desejo iluminado
O meu infinito desejo de ser o que sou acima de mim mesmo
O meu eterno partir na minha vontade enorme de ficar
Peregrino, peregrino de um instante, peregrino de todos
os instantes?

A quem respondo senão a ecos, a soluços, a lamentos
De vozes que morrem no fundo do meu prazer ou do meu tédio
A quem falo senão a multidões de símbolos errantes
Cuja tragédia efêmera nenhum espírito imagina?

Qual é meu ideal senão fazer do céu poderoso a Língua
Da nuvem a Palavra imortal cheia de segredo
E do fundo do inferno delirantemente proclamá-los
Em poesia que se derrame como sol ou como chuva?

O que é meu ideal senão o Supremo Impossível
Aquele que é, só ele, o meu cuidado e o meu anelo
O que é ele em mim senão o meu desejo de encontrá-lo
E o encontrando, o meu medo de não o reconhecer?

O que sou eu senão Ele, o Deus em sofrimento
O tremor imperceptível na voz portentosa do vento
O bater invisível de um coração no descampado...
O que sou senão Eu mesmo em face de mim?

Vinícius de Moraes  


Um comentário:

Unknown disse...

esse poema do vinicius é foda
alias...o vinicius é foda!!!


p.s. eu te amo